agosto 10, 2011

Julho 2011 - nº. 61

AS ONDAS DO MAR

O Bem que nos é Comum

A mensagem cristã que a Bíblia Sagrada e o Catecismo da Igreja Católica apresentam, não consiste numa espiritualidade de cariz privativo ou sem implicações para a vida ordinária. A mensagem cristã provoca estilos de vida cristalizados, mas nem sempre cristãos; invoca sonhos vivos, mas tantas vezes adormecidos; denuncia valores que nem sempre se valorizam e anuncia dignidade onde tantas vezes se vive sem piedade! A mensagem cristã, na sua apresentação de kerigma, (Primeiro Anúncio) é tão humana e humanizante que se torna irresistível quando, libertos de preconceitos, nos deixamos iluminar pela sua luz inspiradora. E quando é assim, nada, nem ninguém, é alheio àquele que crê. Cada situação, acontecimento ou pessoa, levanta questões e pede respostas aos diversos níveis: espiritual, social, político, cultural e comunitário.
Uma das vertentes e consequências da mensagem cristã para a vida tem expressão na Doutrina Social da Igreja. A vivência da Doutrina Social da Igreja sempre foi prática corrente desde os primórdios do cristianismo, mas só foi teorizada e sistematizada a partir do século XIX.
Um dos pilares da Doutrina Social da Igreja é o Bem Comum; o bem, porque é bem, é-o para todos, sob pena de não estar a ser Bem, nem bem gerido. Isto não significa que tudo pertence abstractamente a todos, mas que cada pessoa, na gestão dos bens que lhe são ou foram entregues, deve ter sempre presente que, em bom rigor, nada lhe pertence, tudo lhe é confiado, inclusivamente os frutos do seu árduo trabalho.
Semear, fazer crescer e cuidar estes valores na sociedade, não só nas sociedades distantes, (que podem não tocar a experiência pessoal), mas na vida concreta e social em que cada um de nós se insere, proporcionaria uma revolução cuperniana em termos de mentalidade pessoal e colectiva. Para que assim fosse, inspirados na Doutrina Social da Igreja, seria fundamental a assimilação e convicção de que tudo o que cada um tem não é, rigorosamente, seu (não raramente, a experiência da vida no-lo vai mostrando e testando). Essa certeza, posta em prática, reflectir-se-ia em atitudes de maior liberdade na relação com as coisas e uso das mesmas. Por exemplo: haveria menos desperdício no uso, e tantas vezes abuso, do que se tem e detém. De facto, não é humano desperdiçar o supérfluo, quando sabemos que há pessoas que não têm o essencial para viver dignamente. Outro exemplo: a liberdade interior, na partilha do que se tem e do que se é, (os próprios bens humanos, qualidades, talentos, não são nossos, são-nos confiados) seria uma experiência fundante, porque com fundamentos. Mais ainda: o epicentro das nossas escolhas pessoais, sociais e políticas, ponderadas e discernidas, não seriam feitas segundo o critério da maior satisfação e egoísmo pessoal, mas do maior bem comum, ainda que o mesmo nem sempre corresponda aos interesses pessoais, familiares ou de grupo.
Este ponto é central porque toca o cerne da nossa vivência social e comunitária: absolutizar os interesses pessoais, e de grupo, em detrimento do maior bem e bem comum, torna-nos mesquinhos, “monstrozinhos isolados”, sem horizontes, sem rasgo mental e afectivo, isto é, sem perspectivas.
Quando as nossas escolhas políticas, marcadas pelos valores que dizemos professar, se repercutirem coerentemente na coerência face às opções que tomamos; quando os partidos, todos e cada um, com a sua matriz ideológica, não tiverem outra preocupação na agenda política que não seja o bem maior (que é muito mais do que o bem estar económico), daqueles que os escolheram; quando nas famílias, nas empresas e até numa comunidade paroquial, como é a nossa, cada pessoa for capaz de ‘perder’ para que essa ‘perda’ dê lugar a ‘ganho’ para todos e a todos legitimamente favoreça; quando assim for: a nossa comunidade, a nossa cidade, o nosso país, Europa e “Primeiro Mundo”, entrarão num novo ciclo da sua história.
Que todos façam o melhor que sabem e podem pela sociedade e cada um tenha dela o que necessita para viver com dignidade, eis um dos ‘nervos’ centrais da Doutrina Social da Igreja, e parafraseados na Encíclica do Papa Bento XVI, Caridade na Verdade.
Olhando para os últimos cinco anos da vida da nossa comunidade, (com altos e baixos), creio que este epíteto esteve nos horizontes e preocupações de cada actividade, vivência e entendimento da vida comunitária: o bem individual, não é bem, nem é evangélico, se prejudica, afecta e compromete o bem Maior, e bem de todos.
Nesta minha última crónica do boletim da nossa comunidade (Mar da Galileia) desejo o maior bem a esta família que há cinco anos calorosamente me acolheu e, em sentido de missão, agora me vê partir! Ao desejar o maior bem, desejo-o a todos, e a cada membro desta família comunitária. O bem que desejo não é um bem reduzido à esfera individual, muito menos, a ‘bens’ que não vêm de Deus nem para Ele nos levam. O bem que desejo é que Deus, em Jesus, seja sempre reconhecido como “o Senhor das nossas vidas”que nos faz viver, não só com os outros, mas para os outros. Ele que une, congrega, compromete, e nos torna, já, aqui e agora: irmãos uns dos outros. Se estamos radicados n` Ele, haverá sempre lugar para mais um.
Padre Francisco Rodrigues, s.j.


CVX Comunidade de Vida Cristã


"Acção de graças, compromisso, esperança, comunhão fraterna e partilha... fazem parte das melhores palavras para descrever a Festa de Encerramento do Ano CVX (2010-2011), decorrida no passado dia 2 de Julho, no Seminário do Verbo Divino (Tortosendo).
A CVX da Beira Interior reuniu-se para dar graças ao Senhor pelo caminho feito durante este ano, pelas actividades realizadas e pelos pequenos e grandes passos que fomos dando, individualmente e em comunidade, no sentido de"tornar melhor o mundo, mais renovado e mais cheio do Espírito Santo"de acordo com o Reino já inaugurado por Jesus.
Em clima de alegria e esperança, a Comunidade de Vida Cristã testemunhou o compromisso temporário feito por três dos seus elementos, os quais manifestaram, publicamente, a sua opção pela CVX como modo específico de ser e estar em Igreja.
Seguiu-se um almoço partilhado sob as frondosas árvores do jardim, saboreado entre amenas conversas e deliciosos momentos de convívio e animação.
Apenas uma leve brisa soprava...
Talvez o sopro do Espírito Santo, suave e promissor!"
Paula Rabaça



Catequese:
avaliar para SER + e fazer melhor!

O ano da catequese terminou.
É sempre bom parar e avaliar o trabalho que foi feito. Há sempre aspectos a melhorar no caminho que estamos a percorrer. Partimos de um ponto, traçamos metas, definimos objectivos. Caminhamos! Todos os grupos fizeram uma avaliação do seu desempenho ao longo deste ano, os pontos bons e menos bons e até os que correram mal, tudo foi avaliado. Sem isso, não poderemos prosseguir a nossa caminhada com seriedade.
A avaliação ajuda a alegrarmo-nos com as descobertas feitas, pelo que aconteceu de bom. É ela também que faz verificar as falhas, corrigir o que não foi bom.
Avaliar em consciência ajuda-nos a melhor programar o próximo ano. Não podemos ficar somente no que o catequizando “aprendeu”, isto é, se sabe os mandamentos, sacramentos, mas é preciso avaliar as relações interpessoais, a responsabilidade, o compromisso, o assumir os valores evangélicos como: diálogo, partilha, capacidade de perdoar, atitudes de fraternidade, valores humanos. Em suma: Jesus é o centro da experiência catequética!
Quando temos uma experiência que corre bem, que toca os nossos jovens e crianças e faz bem aos catequistas, não podemos deixar morrer a chama e ficar à espera para lhe dar continuidade sabe-se lá quando.
Não deixemos morrer as boas experiências. Boas iniciativas precisam de ser melhoradas e repetidas.
E iniciativas que não correram bem precisam de ser mudadas, melhoradas.
Muitas coisas funcionaram, foram muitos os bons momentos de catequese que enriqueceram o grupo de catequistas, de catequizandos e da nossa comunidade.
Gostaríamos de convidar os encarregados de educação a fazerem o mesmo: avaliar para agradecer. Avaliar para melhorar. Avaliar para continuar. A nossa parte, sem a vossa, caros pais, ficaria reduzida, ao que aqui, vivemos, mas não chegaria!
Chegamos ao fim é tempo de programar o próximo ano.
Maria Falcão



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