fevereiro 28, 2010

Fevereiro 2010 - nº. 55


Quaresma: tempo das Novas Oportunidades

Nos últimos tempos, tem-se falado muito das “Novas Oportunidades”. Trata-se de oportunidades tipo “promoções” que surgem de tempos a tempos e estão ao alcance de um clic, de um cartão, ou de um simples sim, porque sim. Para corresponder a este tipo de oportunidades, nunca é tarde. Se passam ao lado, num dado momento, não tardará que nova publicidade apareça, e então mais uma vez o slogan: novas oportunidades. Isto, porquê? Porque é assim que o sistema social, económico e político funciona; vantajoso para quem recebe, imprescindível para aqueles que dele dependem e querem fazê-lo funcionar.
Porém, ainda que sob diversas expressões, as verdadeiras novas oportunidades não são necessariamente novas, são de sempre, de todos os tempos. Deus, revelado em Jesus, é Senhor de todas as oportunidades. Ele não sonha com outra coisa que não seja dar e dar-se como oportunidade ao alcance, acessível.
Como Ele, cada um de nós pode ser e dar-se como oportunidade: oportunidade com fundamento, credibilidade, sentido. A sorte, em si, não existe a não ser na medida em que a aproveitamos, por ela lutamos e dela se tira partido. Buscar e aproveitar as múltiplas oportunidades que à luz de Deus somos chamados a viver e a ser uns para os outros, eis o desafio da sorte. No fundo, a sorte acontece com quem está atento, não desperdiça o tempo, as qualidades, os talentos, as oportunidades de cada instante. A vida é de graça (oportunidade) vivê-la pela Graça e em Graça (aproveitar a oportunidade) é expressão de sabedoria.
Deus, Senhor de todas as oportunidades, interage assim connosco. Não alimenta nem é cúmplice das nossas mediocridades no deixa andar, mas está sempre na expectativa de que podemos dar o salto. Quando assim é, a cadeia das Nova Oportunidades nunca cessa. Para cada necessidade vital… aparece sempre uma nova oportunidade.
É sabido e reconhecido que grande parte dos católicos não conhece os fundamentos essenciais da sua fé cristã. A Igreja, através da sua organização e vivência em comunidades, procura proporcionar momentos de encontro, de formação, de crescimento e compreensão da fé. É pena que, não obstante o esforço feito, cursos propostos, conferências organizadas, nem sempre haja a correspondência na participação face às necessidades sentidas. É pena e é uma responsabilidade da parte de quem se fica pelo mínimo. É pena, até porque muitos reconhecem não estar devidamente esclarecidos nas verdades da fé, e é grave pela oportunidade de formação que deixa escapar. Inclusivamente, membros da nossa comunidade, activamente comprometidos em grupos de fé, reconhecem a necessidade de aprofundar as razões da fé que testemunham, mas descuidam-se em pôr os meios ou a aproveitarem as oportunidades propostas. Os sacramentos são essenciais, mas não basta andarmos “sacramentados”, necessitamos de conhecer Aquele que amamos e celebramos através dos sacramentos, particularmente em cada domingo.
Estamos no início da Quaresma de 2010. Não é mais uma Quaresma. É única. É o tempo favorável em que abunda a Graça. É uma Nova Oportunidade. Quem sabe se não é a oportunidade da tua vida, da minha vida, da nossa vida! Nesta Quaresma, não vão faltar propostas para celebrar a fé, para aprofundar as razões da nossa esperança, e para viver a vocação a que somos chamados. Quaisquer que sejam as actividades que serão propostas, não se destinam a encher calendários mas a responder à realidade concreta da nossa comunidade. Não te fiques pelo mínimo. O mínimo não faz bem, porque o bem não cabe no mínimo.
Desejo a todos uma Santa e frutuosa Quaresma.
Padre Francisco Rodrigues, sj

TESTEMUNHO
Alegre, disponível e colaborante, temos entre nós desde de Janeiro, vindo do Brasil, o Irmão Jesuíta Eudson Ramos.
A nossa comunidade paroquial recebeu-o e acolheu-o com a sua habitual ternura, procurando fazer com que ele se sinta bem integrado e activo… e assim vamos sentindo dia a dia como o pulsar do seu empenho, da sua boa disposição e da sua fé tocam os diversos grupos e movimentos.
Na catequese, adapta-se e colabora, de forma particular com os mais pequeninos, ainda a desabrochar para o conhecimento e amor de Deus. No grupo de jovens e na CVX recebemos a partilha da sua vida, da sua experiência, da sua alegria, fazendo-nos sentir “que temos mais um de nós… entre nós”. Nos outros movimentos e grupos da paróquia, procura ser presença que se integra e ajuda. De todos se faz próximo e amigo. Estamos contentes por o poder receber e contar com a sua presença e ajuda até ao dia de Páscoa!
Pedimos-lhe para nos falar um pouco mais da sua vida e da sua vocação… Aqui deixamos o seu testemunho.
(Redacção MG)

Um chamado pró-Vocação

Na minha história vocacional, encontro vários momentos significativos e os considero como sinais da vontade de Deus, mas as atividades pastorais que realizava em minha comunidade paroquial durante a minha adolescência e juventude foram decisivas para meu discernimento vocacional.
Nasci numa família de práticas religiosas e o testemunho de meus pais sempre me motivou no serviço e dedicação aos demais e, por isso, a participação em atividades como catequese, grupos jovens, animação litúrgica em comunidades rurais foram delineando o que mais tarde me levou à vida religiosa.
Em minha paróquia de origem tínhamos sempre muitos encontros e o envolvimento dos jovens era muito participativo. Eu tinha uma vida “normal” como qualquer jovem de minha idade: estudos, trabalho (era professor de braille para pessoas portadoras de deficiência visual) e gostava muito de festas (como quase todo brasileiro!). Digamos que tudo começou a ficar um pouco diferente quando chegaram as Irmãs Doroteias em minha cidade. Iniciámos várias atividades com adolescentes e jovens em conjunto e o contato com a vida comunitária, espiritualidade e “jeito” com que as Irmãs transmitiam sua consagração foram sendo os alicerces de minha vocação.
Como nunca me senti chamado ao sacerdócio, descobri que poderia consagrar minha vida na Companhia de Jesus sendo Irmão Jesuíta. Deus “preparou” todos os caminhos e me orientou durante todo esse processo vocacional, colocando pessoas queridas em meu caminho e abrindo “portas e janelas”. Entrei no Noviciado da Companhia no ano de 1995 e ao final de dois anos fiz meus votos como Irmão religioso. Sou formado em Administração de Empresas (Gestão de Recursos Humanos), fiz disciplinas introdutórias de Filosofia e a graduação em Teologia. Sendo Irmão jesuíta, tenho trabalhado como promotor de vocações (em níveis provincial, nacional e latino-americano) e como administrador de um colégio.
Atualmente estou na acolhedora cidade da Covilhã como parte da programação de minha Terceira Provação (última etapa da formação dos jesuítas) que está sendo realizada em Dublin, Irlanda. Aqui tenho-me dedicado a colaborar com os diferentes grupos e movimentos pastorais que atuam em nossa paróquia.
Sinto-me muito feliz com a vocação que abracei, pois sei que por meio dela, Deus se faz presente em minha vida e me permite expressar minha alegria para com aqueles (as) com quem convivo. É muito bom ser Irmão jesuíta!

Eudson Ramos
Irmão Jesuíta brasileiro

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