novembro 21, 2009

Novembro 2009 - nº. 54




O Caminho faz-se a Caminhar...

No passado dia 11 de Novembro teve lugar em S. Tiago a habitual “reunião de pais” dos cerca de 300 catequizandos a frequentarem a catequese na nossa comunidade. No decorrer da reunião, foi dado a cada educador o plano de actividades pastorais 2009/10. As reuniões que precederam a planificação das actividades foram inúmeras, e na fase conclusiva, tinha-se a sensação de que se estava perante o fim de um princípio já em movimento. Fim, uma vez que estávamos perante um plano organizado e estruturado nas linhas condutoras que nos levará até ao final de Julho do próximo ano. Princípio já em movimento, porque desde o início de Setembro que se têm multiplicado as reuniões e trabalhos, e actividades em vista a sonhar o caminho, mas já a caminhar.
No início deste ano pastoral, houve várias “caras novas” que chegaram e se inseriram na nossa comunidade, leigos e um novo membro da comunidade jesuíta: Padre Hermínio Vitorino. Tenho sentido que a inserção de todos os “caloiros” tem sido fácil graças ao espírito acolhedor de todos, em relação a todos, particularmente os novos. Isto significa ser comunidade católica, aberta, universal. Não uma universalidade abstracta, mas uma universalidade expressa no concreto de cada pessoa, de cada rosto, de cada história humana. Com as novidades dos que chegam e dos que já estão, surgiram também novas formas de viver e repensar as actividades já existentes: novos catequistas, entusiasmados e a aprenderem enquanto ensinam; novos catequizandos em processo de descoberta; novos membros em cada um dos três coros; o nascimento de um grupo de jovens verdadeiramente alternativo; empenhos e entusiasmos renovados no curso bíblico; formação permanente dirigida a todos os ministérios: acólitos, leitores, ministros da comunhão; conferências que se avizinham sobre o Ano Sacerdotal e tantas outras actividades já em curso, ou em perspectiva. Porém, na linguagem de Inácio de Loyola, fundador dos Jesuítas, o que satisfaz a alma não é fazer muitas coisas, mas saborear internamente as que se realizam. Por esta razão, o mais importante é que saibamos descobrir sabor no que fazemos. Consigamos o justo equilíbrio entre fazer o Magis (mais) e viver no Magis.
Como comunidade de fé, a nossa vida deve centrar-se na celebração da eucaristia: foi na eucaristia que os amigos de Jesus reconheceram e se conheceram como irmãos. Para celebrar a fé, em eucaristia, temos que conhecer e dar as razões da mesma fé. Para que assim seja, é necessário que nos consciencializemos, assumamos e transmitamos a necessidade de nos formarmos ou reformarmos. Temos sido bombardeados com temas sociais e culturais fracturantes que requerem de nós resposta, tomada de posição, opinião esclarecida. Sermos religiosamente infantis ou mesmo ignorantes em matéria de fé, não me parece viável nem razoável.
O nosso plano paroquial de actividades apostólicas 2009-10 insere-se nesta dinâmica: conhecermos as razões da fé que todos os dias celebramos em família, em comunidade, em Igreja. Se não conseguirmos ‘tudo’ este ano, não temamos porque o caminho faz-se a caminhar, mas só caminha quem se põe a caminho.

Padre Francisco Rodrigues,s.j.


Padre Hermínio, Pároco in solidum - Tomada de Posse

No 1 de Novembro, dia de Todos os Santos, o Padre Hermínio Vitorino s.j. assumiu a missão de pároco in solidum da comunidade paroquial de S. Pedro. O Padre Hermínio foi apresentado à comunidade pelo Sr. Bispo D. Manuel Felício, como pároco in solidum, no passado dia 31 de Julho, dia de Santo Inácio de Loyola, e foi por este nomeado, no dia 25 de Agosto de 2009. No domingo, dia 1, assumiu canonicamente as funções que lhe são confiadas.
Desde 2006 que a comunidade paroquial de S. Pedro tinha como pároco, o Padre Francisco Rodrigues. A partir de agora, o Padre Hermínio partilha com o Padre Francisco a responsabilidade conjunta de organizar e assumir as actividades apostólicas da comunidade paroquial de S. Pedro.
Mas qual é o significado, alcance e implicações do termo pároco in solidum no dia-a-dia da comunidade paroquial?
O Padre José Augusto Alves de Sousa, que presidiu à eucaristia de tomada de posse, referiu-se à mesma terminologia explicando o seu significado na vivência e organização da vida cristã vivida em comunidade.
O padre Sousa definiu na homilia de tomada de posse a expressão “in solidum” nos seguintes termos: “in solidum significa trabalhar solidariamente em comum na organização das actividades e na partilha de responsabilidades pastorais. Isto significa viver em comunhão no e para o serviço. A autoridade na Igreja é para o serviço, desde aqueles que são responsáveis pelas comunidades até ao comum dos serviços, como seja, varrer a Igreja. Só na perspectiva do serviço se pode compreender a natureza do exercício de ser pároco in solidum.”
O Padre Sousa terminou a sua reflexão lendo o cânone nº 517 que explicita a natureza canónica na qual se fundamenta o exercício ministerial da figura jurídica de pároco in solidum: “Onde as circunstâncias o exijam, pode o serviço pastoral duma paróquia ou simultaneamente de várias paróquias ser confiado solidariamente a vários sacerdotes, desde que um seja moderador do serviço pastoral, que oriente a acção conjunta e desta seja responsável perante o Bispo”. Na nossa paróquia de S. Pedro, o moderador é o Padre Francisco Rodrigues, s.j.
(Secretariado M.G.— Notas tiradas da Homilia do P. José Augusto Sousa)

TESTEMUNHO

Olá a todos!
Chamo-me Daniel Reis e gostaria de vos falar do meu percurso até chegar à nossa paróquia. E já me atrevo a dizer nossa, pois, apesar de me ter integrado há tão pouco tempo, já me sinto em casa.
Tive uma infância como tantas outras crianças. Estudei até ao 12º ano em Vila Nova de Poiares, perto de Coimbra. E em paralelo frequentei a catequese nessa paróquia, chegando ao fim culminando com o Crisma, a Confirmação. Sempre tive uma educação católica em casa mas admito que ainda não tinha maturidade para compreender Deus.
E como muitos dos estudantes que completam o 12º ano, entrei na Universidade. Vim para estas bandas, para a UBI, onde ingressei no curso de Medicina, do qual frequento o último ano. E com o afastar da paróquia onde me encontrava aliado à minha dificuldade em aceitar Deus, fui-me afastando da Igreja e tentava pensar o mínimo possível no assunto.
Mas, como já ouvi várias vezes, (a maior parte delas desde há 2 meses) o tempo de Deus não é o nosso tempo. Com isto quero dizer que desde há largos meses comecei a sentir que faltava algo na minha vida. Algo que me ajudasse a viver em paz comigo e com o mundo. Algo que me orientasse no caminho certo. E foi então que com, muita surpresa minha, a oportunidade de encontrar esse algo me apareceu, como que do nada, de mansinho. Uma amiga minha falou-me num encontro promovido por padres jesuítas, o After Paul, e o que é que eu achava de me inscrever e ir? E eu “sem querer” disse logo que sim. Ainda hoje me pergunto se fui eu que tomei essa decisão… Nesse fim-de-semana rezei e pensei muito. Estava a dar o primeiro passo para reencontrar ‘Aquele’ que procurava para a minha vida e orientação, Deus!
Fui então “encaminhado” pelo Padre Nuno Tovar de Lemos para esta paróquia, que ele conhece tão bem, e me disse que eu seria muito bem recebido e acarinhado. Não se enganou de todo. Neste momento tento ser um membro o mais activo possível desta comunidade, dando o meu pequeno contributo para, com todos, fazer, desta, uma comunidade melhor.

Daniel Reis

A CAMINHO DA CATEQUESE

Depois de iniciar a chamada vida pública, Jesus anuncia o Reino por acções e palavras. Todos ficam admirados com Ele. Como é que um carpinteiro passa, de repente, a ser profeta com tanta autoridade, que entusiasma multidões? Não admira que tivessem surgido várias teorias sobre a questão:
“Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?" Cf. Mt 8, 27; Mc. 4,41

No passado dia 10 de Outubro, S. Tiago abraçou, animada e carinhosamente, as crianças e jovens que se preparavam para iniciar um novo ano catequético. Estava uma agradável tarde de Outono e foi muito bonito viver toda a alegria que enchia o adro da Igreja. Os párocos e catequistas fizeram o acolhimento a pais e meninos que regressavam e, também, aos que vinham pela primeira vez. A pouco e pouco, as salas, que tinham estado adormecidas durante os meses de férias, começaram a encher-se de vozes coloridas e gargalhadas sadias.
A Eucaristia, animada por todos, catequizandos e catequistas, num ambiente de felicidade e vivência comum em Cristo, teve o seu ponto mais alto no compromisso que pais e catequistas firmaram em relação à educação, na fé, dos seus meninos e meninas.
“Sois o Sal da Terra e a Luz do Mundo” foi a frase que acompanhou uma caixinha oferecida aos catequistas, dentro da qual se encontravam 10 fósforos e algumas pedras de sal...Os pais e encarregados de educação também foram convidados a subir ao altar e receberam da mão do P. Francisco algumas pedras de sal.
Um dos objectivos da catequese é procurar, de uma forma simples e amorosa, ajudar cada um dos nossos jovens a encontrar um caminho de Verdade, de mãos dadas com a Justiça, na esperança de alcançar a Paz.
Bem sabemos que são inúmeras as questões e dúvidas que os jovens actualmente têm, em relação aos assuntos do divino. No entanto, não deixa de ser, também, verdade, e uma prova são os cerca de trezentos catequizandos da nossa paróquia, que muitos estão ávidos por saber mais e melhor a história maravilhosa desse Jesus aos olhos de quem, todos nós somos seres únicos e especiais. Pois é mesmo verdade!!! Jesus ama-nos de tal forma que nos aceita exactamente como somos, com as nossas fragilidades e defeitos.
E nós?! Será que temos consciência desse grande Amor incondicional? Vamos aproveitar os bocadinhos do nosso dia, em que nada de especial temos para fazer, para meditar neste Amor que Jesus nos oferece gratuitamente e tentar perceber como respondemos a essa oferta...
Aqui ficam alguns desafios para continuar a caminhar no caminho da luz…

Onde encontro esse Jesus que me interpela nas coisas mais simples da vida?
Que me quer Ele dizer quando o meu irmão me pede algo apenas com o olhar?
Que caminho é este que sou impelida a percorrer?
Quem és Tu, Jesus, na minha vida?

Sandra Soares


CHAMADOS A REZAR, VER, JULGAR E AGIR
NA COMUNIDADE ECLESIAL E A
SENTIRMO-NOS ENVIADOS
A SER FERMENTO NA COMUNIDADE HUMANA

No dia 18 de Outubro de 2009, convidados pelo seu responsável, P.e Francisco Rodrigues, coadjuvado pelo P.e Hermínio Vitorino, reuniram na Casa das Mimosas, na Senhora do Desterro, concelho de Seia, cerca de vinte cristãos, oriundos dos vários serviços/ministérios paroquiais de S. Pedro, para uma reflexão/oração sobre a nossa comunidade.
Estava-se e ainda se está praticamente no início do novo ano pastoral.
Feita uma invocação inicial ao Espírito Santo, o Sr. P. Francisco fez uma reflexão geral aos presentes e, de seguida, estes, organizados em pequenos grupos, receberam quatro pontos para analisar/reflectir e posteriormente o porta-voz de cada um apresentar as conclusões no plenário realizado no final da tarde.
Importa que cada membro da comunidade de S. Pedro tenha conhecimento dos temas reflectidos, para que nela melhor se insira e se deixe envolver nesta pequena igreja, comungando nas suas aspirações e preocupações e ponha ao serviço da sua construção os dons individualmente recebidos do Espírito Santo que os distribui a quem quer e como quer.
Cada comunidade cristã, porção do Corpo de Cristo, Sacerdote, Profeta e Rei, é também sacerdotal, profética e real e age e organiza-se também nesta tríplice dimensão, conforme os dons recebidos.
Os pontos dados para reflexão no dia 18 de Outubro podem ser assim sintetizados: partilha da oração feita por cada um segundo as indicações dadas; os meus sonhos para a comunidade paroquial de S. Pedro onde estou inserido; não se vive só do pão, sendo certo que são necessários recursos, para que a comunidade possa realizar o trabalho que a mesma desenvolve; perspectivar algumas propostas (realistas) de melhorar as actividades ou perspectivar outras.
Dois dos pontos referidos especialmente pelo nosso Pároco e que especialmente me tocaram foram a nossa comunidade tem um défice de oração e a necessidade de acolhimento a quem frequenta a Paróquia de S. Pedro.
No seguimento deste último ponto, alguém referiu que os seus membros se deviam acolher melhor reciprocamente.
Para além da reflexão mais abstracta, importa focar alguns pontos muito concretos que, pela sua importância, se deixam exarados, para que cada membro não deixe de se sentir permanentemente chamado a construir a nossa comunidade paroquial, segundo os dons de Deus recebidos, pondo-os ao serviço de todos:
Como tenho cuidado da minha formação cristã; trabalho com os jovens; acolhimento, disponibilidade para fazer o que for necessário; viver a fé no dia-a-dia; valorizar os grupos existentes e neles participar; novos grupos que respondam a novas necessidades; renovação dos grupos já existentes (coros, acólitos, leitores, ministros extraordinários da comunhão, serviço juntos dos necessitados, dos doentes, etc.).
Embora a reflexão de 18 Outubro de 2009, dia das Missões, tenha sido reduzida a alguns cristãos da comunidade de S. Pedro, o seu espírito foi e é alargá-la a todos, de modo que cada qual se sinta chamado a nela trabalhar e pôr a render os dons recebidos. Em suma, sentir-se igreja, ocupando activamente o seu lugar na sua edificação e por ela se sentir enviado a construir a comunidade humana, sendo nela fermento, iluminando todas as realidades temporais, designadamente família, profissão, economia, política e cultura. Nada do que é humano lhe pode ser alheio. Nela devemos por a impressão digital do nosso ser cristão recebido no Baptismo e, a partir deste, desenvolvido.
António dos Santos Dias

julho 22, 2009

Julho 2009 - nº. 53

UMA CRISE NUNCA VEM SÓ!

O ano pastoral que estamos a findar foi marcado pela crise que a todos tem afectado. Esta crise tem a peculiaridade de ser à escala mundial e, por isso, deve fazer-nos reflectir seriamente, pois, para grandes crises, também são possíveis grandes soluções. De facto, uma grande crise nunca começa em grandes proporções, mas resulta de pequenos gestos, pequenas atitudes, pequenas ‘escalas’. O cerne da crise que todos intitulam como “crise económica” iniciou-se muito antes dos efeitos económicos. A crise começou por ser: crise de ética, de valores, de verdade, de competência, de honestidades, em suma, crise de humanidade. Já Paulo VI observava, na encíclica Populorum Progressio que as causas do subdesenvolvimento não são primariamente de ordem material, mas devem ser procuradas nas várias dimensões do homem. Isto significa que a boa ou má economia é o produto de um processo em cadeia. O certo é que, paradoxalmente e não raramente, vivemos na ânsia de resultados técnicos, económicos, materiais, sem valorizar tantos outros elementos articulados com a economia e igualmente relevantes.
O Papa Bento XVI não se tem demitido na tomada de posições sobre questões ligadas à ética, à vida, à formação integral do ser humano. Não sabemos até que ponto as suas palavras têm tido ressonância nos centros de decisões. Mas não tenhamos dúvidas de que a história lhe ficará a dever muito, tal profeta que se não demite de dizer o que pensa, mesmo não sendo “politicamente correcto”, ou confortável ouvir.
A recente encíclica do Papa tem como título: “A caridade na verdade”. Esta encíclica toca as questões de fundo, desde as micro às macro realidades, como, por exemplo, os sistemas económicos, a educação, a vida em sociedade, as relações entre países, incluindo pequenas realidades do nosso quotidiano, como sejam, as nossas comunidades paroquiais, famílias, instituições de ensino, e sociedade em geral. Assim, tendo por base alguns dos pontos fortes da encíclica, facilmente constatamos que, de facto, se queremos amar, ser bons, mas sem a marca da exigência, da autenticidade, da honestidade, do compromisso, da dedicação, do trabalho, da ética, e do respeito pela vida, não estamos a fazer nem caridade, nem verdade; estamos, no mínimo, a evitar confrontos, a pôr ‘paninhos quentes’ nos problemas. Noutros termos, e referindo o Papa, sem caridade na verdade, o amor torna-se uma espécie de invólucro vazio, que cada pessoa pode encher como quer, e acaba preso às emoções, arbitrariedades, abusos, prepotências, cujo resultado acaba por se traduzir no oposto do que realmente se pretendia.
Não obstante a crise que nos afecta a todos, este ano, na nossa comunidade paroquial, trabalhou-se imenso aos vários níveis; na resposta social a muitos dos que têm procurado a paróquia, (através da Conferência de S. Vicente de Paulo); nas diversas actividades pastorais: a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima; a visita canónica do Sr. Bispo; as relíquias de Santa Margarida Maria
Alacoque; o concerto do Padre Borga, e o extenso plano de actividades pastorais que a todos nos deixaram cansados, mas satisfeitos. Mais ainda, foi um ano em que demos bons passos na renovação e requalificação das estruturas materiais da nossa Igreja. As dívidas que temos pela frente, devido a estas necessárias ousadias, são conhecidas de todos, mas, temos muitas graças a dar a Deus, pois onde há actividades, há pessoas, e onde vivem pessoas saudavelmente insatisfeitas, fazem-se compromissos, vive-se na esperança. Jesus esteve connosco, Maria acompanhou-nos, o Pai abençoou-nos. Ainda temos muito que aprender a ser, temos muito que aprender a crescer, temos ainda muito que viver na fé. Mas, de uma coisa não prescindimos: da presença de Deus nas nossas vidas, de nos comprometermos uns com os outros, no trabalho, dedicação, na entrega e generosidade. Não queremos prescindir, pela graça de Deus, de nos respeitarmos nos valores, no amor à vida, e respeito merecido pelos outros. Queremos continuar a viver nesta certeza: ninguém necessita de fazer por nós, o que está ao nosso alcance fazer. Mas queremos ter a humildade de pedir o que responsavelmente toca a todos e a cada um. É nesta esperança que as crises se resolvem; as crises resolvem-se com acção, empenho, determinação, solidariedade, honestidade e trabalho. Não sabemos o que se irá passar no mundo, no próximo ano, mas sabemos que, no nosso mundo, muito dependerá do nosso entusiasmo e compromisso. Por isso, no ‘mundo’ da nossa comunidade paroquial muito nos aguarda. Repousemos nas mãos de Deus, porque o futuro é dele, mas está-nos confiado.
P. Francisco Rodrigues, s.j.


O Padre Hermínio Vitorino está connosco

Nascido na Ilha de S. Jorge, nos Açores, há quase quarenta e três anos ("quase", no momento em que escrevo: serão quarenta e três anos, no dia 31 de Julho), o P.e Hermínio Vitorino chegou até nós, à Covilhã, depois de um longo percurso de muitas "experiências de vida em abundância".
No blogue da nossa paróquia, está apresentado esse percurso. Poderemos saber que, após ter terminado a Escola Preparatória nas Velas, na Ilha de S. Jorge, ingressou no Seminário de Angra do Heroísmo, na Terceira, e aos vinte e quatro anos entrou para a Companhia de Jesus. Dois anos de noviciado, em Coimbra, quatro anos a tirar o curso de Filosofia, em Braga e, em 1996, partida para Moçambique, Diocese de Tete, Missão da Fonte Boa.
Em Moçambique, fez o Magistério durante dois anos, como professor de Português no ensino estatal, como coordenador do internato masculino da Missão, e colaborando um pouco, na medida em que o tempo lho permitia, no trabalho da paróquia.
Sai, então, de Moçambique e parte para Roma onde, durante cinco anos, estuda Teologia, licenciando-se em Missiologia na Universidade Gregoriana. É ordenado diácono em 2001, ainda em Roma, e em Julho de 2002, já o vemos sacerdote na Igreja de S. Roque, em Lisboa.
De 2003 a 2006, colabora na pastoral da paróquia de Cristo Rei, em Almada (Pragal), onde foi também professor de Educação Moral e Religiosa Católica, numa Escola dos bairros sociais do Monte da Caparica.
De 2006 a 2009, colabora com a comunidade jesuítica de Póvoa de Varzim, a que pertencia, mas com duas interrupções: mais um período de trabalho em Moçambique, na catedral de Tete e nas Missões de Fonte Boa e Mesaladzi e, de 2008 a 2009, a Terceira Provação (última fase de formação de um Jesuíta), em Salamanca.
É daí que, após escasso tempo de intervalo, vem para a Covilhã, onde se encontra há apenas algumas semanas.
Depois de um conjunto de experiências tão rico e tão variado, quisemos saber o que significava para o P.e Hermínio a vinda para a Covilhã. Fomos encontrá-lo no seu gabinete de trabalho e aí lhe fizemos algumas perguntas.


Sílvia Ferreira - Quais foram as primeiras impressões que recebeu da nossa cidade?
P.e Hermínio Vitorino - Já antes tinha estado na Covilhã por três vezes, mas de passagem. Agora, as primeiras impressões da minha adaptação aqui são boas. Embora ainda seja cedo para dar uma opinião, pareceu-me encontrar um ritmo de vida mais calmo e isso, para um ilhéu, como eu, é muito agradável, e também encontrei um grupo de pessoas bastante empenhado na paróquia, mas, repito, ainda é cedo para falar, portanto, não vou alongar-me sobre o assunto.
S.F. - Traz alguns projectos ou, mesmo, alguns sonhos, que gostasse de ver realizados nesta fase da sua vida?
P.H.V. - Os meus projectos são os de trabalhar em conjunto com os meus companheiros jesuítas. Planificar em conjunto e dar continuidade ao que já existe. Mas gostaria de tentar algo mais na pastoral juvenil e universitária, em colaboração, claro está, com o responsável o P.e Luciano. Na paróquia, gostaria, de um modo particular, de dar atenção ao grupo do Crisma. Mas insisto num ponto que me parece, de todos, o mais importante, na minha vida de sacerdote, que é o estar com as pessoas. Dou um sentido muito especial e muito profundo ao verbo estar. Estar disponível. Ouvir. Conversar. Acolher. Acompanhar quaisquer pessoas, da paróquia ou de fora dela, que precisem da minha ajuda e a quem eu possa ser útil.
S.F. - Como vê, então, o seu futuro? Mais ligado ao ensino, às paróquias, às Missões...?
P.H.V. - Não o vejo muito ligado ao ensino, embora não o exclua totalmente. Vejo-o ligado à vida missionária e, de momento, mais ligado à vida paroquial, ao apostolado espiritual (Exercícios Espirituais) ou a um apostolado-social. Além do múltiplo trabalho que uma paróquia exige, vejo-me, dentro do possível, a colaborar com outras paróquias que o solicitem pontualmente, a fazer acompanhamento espiritual, orientando, mas, principalmente e sempre, estando com as pessoas e acompanhá-las espiritualmente.
Claro que tudo está em aberto nesta fase de adaptação, à entrada de uma nova situação, de um novo ambiente geográfico, cultural e paroquial... Porque é muito diferente o ambiente de Portugal e do estrangeiro, do Continente e das Ilhas, do interior e do litoral, do norte e do sul, e uma paróquia reflecte essas diferenças. Já vivi essa experiência, por isso digo que ainda estou a integrar-me nesta nova missão que me foi confiada, mas, para já, tenho-me sentido bem, aqui.
S.F. - Seja, então, bem-vindo, P.e Hermínio, que Deus lhe permita realizar os seus projectos e os seus anseios dentro desta comunidade!
Sílvia Ferreira

Caritas in veritate (Caridade na Verdade)

O Papa Bento XVI presenteou-nos com mais uma Encíclica do seu Pontificado, intitulada: Caritas in Veritate (Caridade na Verdade, de 29 de Junho de 2009), a juntar às duas Encíclicas anteriores: Deus Caritas Est (25 de Dezembro de 2006) e Spe Salvi (30 de Novembro de 2007). A estas três Encíclicas, já as podemos chamar a triologia do Pontificado do Papa Bento XVI, à imagem e semelhança da triologia das três Cartas Encíclicas do Papa João Paulo II: Redemptor Hominis (O Redentor do Homem, 4 de Março de 1979), Dives in Misericórdia (Rico em Misericórdia, 30 de Novembro de 1980) e Dominum et Vivifican tem (Senhor que dá a Vida, 18 de Maio de 1986). À primeira vista, parece que não há relação entre uma triologia e outra triologia, mas a realidade é que não se compreende uma sem a outra. Sem a entrada no Mistério Redentor, não podemos compreender que Deus é amor e que ama cada homem e todos os homens, sem excepção, porque os criou. Sem sentirmos que, já aqui e agora, Deus é rico em Misericórdia, não podemos viver a alegria de quem já se encontra salvo em esperança. Sem a compreensão do Espírito, Senhor que dá a vida e que está presente no mundo, como pairava, um dia, sobre as águas da criação para tudo animar e a tudo dar força, não podemos debruçar - nos sobre o outro e exercer a Caridade na Verdade, isto é, sermos como Jesus, próximo daquele homem caído à beira do caminho: “spoliatus in supernaturalibus” (espoliado na sua sobrenaturalidade) e “vulneratus in naturalibus” (ferido na sua natureza), diziam os antigos, comentando o Evangelho de Lucas, 10,25-37.
Quando, em 1967, saiu a Encíclica Populorum Progressio, recordo-me que estava eu para partir, de novo, para Moçambique, depois de uma estadia na Europa. Essa Encíclica foi mais um incentivo para trabalharmos, em Moçambique, ainda colonizado, pela descolonização e por um desenvolvimento que tivesse em conta o homem na sua dignidade e identidade. Paulo VI repetia: “O Desenvolvimento é o novo nome da Paz”. Lutávamos pela Paz convencidos de que a guerra somente trazia consigo a destruição.
Na década de 1980, começou a longa marcha das ONGs. (Organizações Não Governamentais), cheias de idealismo e completamente vocacionadas para o Desenvolvimento. Mas a realidade foi bem diversa. Quando acabou o muro de Berlim, todos sonhávamos com um mundo mais justo e mais humano. Mas os homens que não se deixaram conduzir pela Lei Natural e por uma razão aberta à Verdade, criaram um desenvolvimento descontrolado, à base da ganância do lucro, do “salve-se quem puder” e duma globalização que se voltou contra o homem. Apesar dos muitos frutos produzidos pelo impacto da Encíclica do Papa João Paulo II: Sollicitudo Rei Socialis (Solicitude Social de Igreja de 30 de Dezembro de 1987), em muitos sectores da vida política, social e económica, se voltaram as costas à solidariedade e se enveredou por um desenvolvimento não-solidário.
“Caritas in Veritate” vem agora dizer-nos que é necessário relançar uma economia que favoreça projectos políticos animados por convicções éticas. A mundialização que gera a interdependência dos povos deve levar-nos a uma interacção ética das consciências. Deve levar-nos também a criar uma consciência colectiva e comprometida pelos grandes problemas mundiais: fome no mundo, gestão dos recursos hídricos, preocupação pelo ambiente. Não basta que os Líderes dos países mais ricos do mundo (G8) se reúnam e que daí saiam medidas para combater o aquecimento global, é necessário que cada país tome consciência de que necessitamos dum ambiente saudável para respirar. É, ao nível local, diríamos entre nós, ao nível das autarquias, que se deve trabalhar para melhorar o ambiente. Bento XVI, na sua Encíclica, faz referência às multinacionais, mas também às mais pequenas estruturas. Já o Papa Paulo VI e, na sequência dele, João Paulo II e, agora, Bento XVI, nos repetem: a Igreja não tem soluções técnicas, mas é perita em humanidade. Na mesma linha se coloca o Papa Bento XVI que nos diz ser a Doutrina Social da Igreja um “anúncio da verdade do amor de Cristo na sociedade”.
O texto de Bento XVI, seguindo a tradição dos seus antecessores, dirige-se, não somente aos cristãos, mas a toda a humanidade, a todos os homens e mulheres de boa vontade. É um imperativo para todos e todas a entrega a um desenvolvimento mais humano e fraterno: Caritas in Veritate. Esta tarefa incumbe a todos e não pode levar-se adiante sem a contemplação do Rosto de Cristo: “ Em Cristo, a caridade na verdade torna-se o Rosto da sua Pessoa, uma vocação a nós dirigida para amarmos os nossos irmãos na Verdade do seu Projecto. De facto, Ele mesmo é a Verdade” (Jo14,16)
P.José Augusto Alves de Sousa S. J.

Férias na Verdade a Verdade nas Férias

Uns já partiram, outros preparam-se para desfrutar de uns dias de descanso e outros observam, apenas, essas idas e vindas! Todos temos consciência de que, nestes tempos em que a crise parece agarrar-se “com unhas e dentes” a cada um de nós, falar ou pensar em Férias é algo que se está a tornar cada vez mais inatingível. Alguns dias numa represa, perto de casa ou numa praia, onde uns amigos, daqueles que também vão rareando, têm uma casinha e oferecem uma parte do seu tecto, é o que, cada vez mais, o parco orçamento familiar vai permitindo!
Mas será que o significado das férias é apenas sinónimo de partidas e chegadas em que se tem como destino ambientes de sonho, lugares paradisíacos ou, simplesmente, se pretende passar o dia sem a preocupação do trabalho diário?
Cada vez é mais importante aprender para ter férias e ter férias para aprender...Quando estamos de férias não deixamos de nos alimentar fisicamente, por isso não devemos esquecer o alimento espiritual. Em férias, geralmente, temos mais tempo para os nossos amigos e familiares, principalmente aqueles que estão mais longe... então, não esqueçamos o nosso maior Amigo, Aquele que tudo nos deu e que, embora tenha descansado ao 7º dia, nunca nos esqueceu e nunca tira férias de nós! Nas férias temos mais tempo para nos dedicarmos à leitura…que tal aproveitarmos para ler, também, algo diferente que nos complemente espiritualmente?
Pois é, aí vêm as férias... mas, que significa ter férias?
Na realidade, o meu conceito de férias é algo bem maior do que o simples prazer de ir para um ambiente de sonho num local aprazível ou ficar perto de casa num ambiente mais modesto! Para mim, o conceito de férias é apreciar, em família, um tempo de lazer e partilha de experiências sem a azáfama do dia-a-dia. Sem telemóvel nem computador, sem televisão nem relógio...O meu conceito de férias é abrir o coração às coisas mais belas da Criação. É estar atenta ao canto das aves, ao riso das crianças, ao carinho dos idosos, ao sonho dos jovens. É valorizar o dom de estar vivo e agradecer a Deus pela graça do seu Amor incondicional, que nos é dado em cada novo amanhecer! O meu conceito de férias é….não perder a Verdade nas Férias para ter Férias de Verdade!
Pois é, aí vêm as férias...mas, nas férias, não tiremos férias de Deus!
Sandra Soares

Jesus não tira “férias de nós”…

Como acontece em todos os anos com a chegada (tão esperada) do mês de Junho e o encerramento de mais um ano lectivo, dirijo uma palavra especial aos mais jovens da nossa Comunidade Paroquial que vão estar menos presentes durante este tempo, privando-nos, assim, da sua presença, autenticidade, vivacidade e Alegria.
Depois de mais um ano na pista e na descoberta do caminho de Jesus, eis que chega o período de férias, para descansar e não só… Este período é tão ou mais importante que o restante ano, uma vez que temos a possibilidade de reflectir sobre a trajectória do caminho que pretendemos seguir (o caminho de Jesus), e continuar a descobri-lo e sabê-lo fazer cada vez melhor.
A época de férias é aquela altura do ano em que provavelmente a nossa disponibilidade é maior para estarmos com os nossos amigos e companheiros de brincadeira. Assim sendo, e tendo Jesus como um grande amigo, a quem recorremos sempre pelas mais diversas razões, tomemos o compromisso de que a nossa ligação com Ele seja a mesma e até possa crescer. Deixemos que Ele esteja na nossa vida, que participe dos nossos desejos e sonhos e que, principalmente, não seja mais um amigo, mas que seja, sim, o Grande Amigo.
Procuremos, nesta época de lazer, não tomar Jesus como um livro que se fecha em Junho, com a promessa de ser reaberto em Outubro, mas, sim, ler uma página desse livro em cada dia com o objectivo de simplesmente aprender a conhecê-Lo cada vez mais e estar sempre em comunhão com Ele.
Um dia de férias tem horas suficientes para fazermos as mais diversas actividades, como passear, viajar, correr e visitar amigos e família. Jesus é provavelmente o único amigo que não tira férias de nós e consequentemente a sua casa está sempre aberta para nos receber; certamente não haverá melhor anfitrião que Ele. Partilhemos sempre a alegria do encontro com Jesus e da felicidade de sermos pedras vivas da Sua igreja.
Peçamos a Jesus que nos ajude a gastar o nosso tempo, durante este período de férias, para que a nossa ligação com Ele, não seja algo que só existe em certos períodos da nossa vida. Deixemo-nos envolver no amor de Deus, estando disponíveis e abertos à missão que Jesus nos confia, vivendo na felicidade do Seu amor por nós.
Rodrigo Silva (Catequista)

CONVÍVIO CVX

Apesar de algumas nuvens teimosas e de uma brisa marota, no passado dia 5 de Julho, o Covão da Ponte, na Castanheira (Manteigas), acolheu com generosidade os membros da CVX da Beira Interior (e seus familiares) para a actividade de encerramento do Ano CVX.
Aos cerca de trinta elementos presentes (dos cinco grupos existentes), o Covão ofereceu um imenso e fofo prado verde, árvores frondosas e um rio cristalino, a companhia amistosa de uns cães da Serra da Estrela, o balir das ovelhas ali por perto, e, enfim, toda a calma que a Natureza sabe inspirar!
Neste cenário, os “CVX’istas” e familiares celebraram a Eucaristia e saborearam a presença do Amor de Deus na Natureza e nos irmãos.
Depois, o dia foi-se recheando de bons momentos: um delicioso e variado almoço – piquenique, o futebol da pequenada, a retemperadora sesta (às vezes interrompida pelos flashes de uma máquina fotográfica à procura de “apanhados”…) e as deliciosas conversas sobre as mantas estendidas na relva…
Para além de se terem estreitado laços e reforçado o vínculo à espiritualidade inaciana, pudemos também, na simplicidade deste dia de partilha e de convívio, escutar de novo, esse Pai que nos fala e nos convida continuamente “a tornar o mundo melhor”…
Que belo convite para este tempo de férias! …
Paula Rabaça (cvx “Porto de Abrigo”)


PERMANECER
O Padre Geraldes partiu para o Pai,
foi ter com aquelede quem sempre falou e amou.
Que permanecendo n’Ele permaneça também connosco.

O Amor é eterno.

março 21, 2009

Março 2009 - nº. 52


Nós Somos as Pedras Vivas do Templo do Senhor!

Quando a palavra “Igreja” vem à mente do comum das pessoas, em que é que pensam, provavelmente? Um lugar, ou espaço físico onde, em determinados dias e horas, grupos de pessoas se reúnem para orar, estar com Deus, ou prestar culto. Por isso, quando ouvimos afirmações como: “Que igreja bonita” ou “a Igreja faz parte da minha vida” podemos estar a dizer uma grande verdade, mas porventura não tanto espiritual como possa parecer. De facto, ainda que se entenda o que estas frases, ou ‘ideia de ser Igreja”, querem dizer, a atitude de fundo, modo de ser Igreja, tem alcance e implicações mais profundas. Será que a Igreja cristã e católica (aberta a todos os que querem ser discípulos de Jesus) se reduz a uma obra de arte, a um templo bonito e belo, ou ainda ao talento do artista que a concebeu?
Vejamos como o próprio Jesus e o seu grande discípulo Paulo (estamos a viver o Ano Paulino…) entenderam o que significa ser templo/Igreja:
Numa controvérsia acesa entre Jesus e os judeus, sobre a autoridade de Jesus em relação ao templo, Jesus reage: “destruí este templo, e em três dias eu o levantarei” (Jo, 2, 18-19). Os judeus não perceberam, porque, para eles, o templo estava confinado àquela realidade material, por isso, os interlocutores de Jesus fizeram referência aos 46 anos que tinha durado a construção do templo de Jerusalém. Curiosamente, os próprios discípulos de Jesus também não perceberam a sua linguagem, a não ser depois da sua ressurreição: “Depois de ter ressuscitado, os discípulos lembraram-se destas palavras e compreenderam que a frase que ele tinha citado das Escrituras dizia respeito a si próprio (Jo. 2, 21-22). Porém, a ilusão imediata e capaz de atrair, iludir o olhar, não fica por aí. Num dado momento, Jesus caminhava com os seus discípulos, e, ao sair do templo, um deles disse-Lhe: «Repara, Mestre, que pedras e que construções (belas, entenda-se); ao que Jesus responde: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja demolida” (Mc 13, 1-2).
S. Paulo, nas suas exortações à comunidade de Corinto, faz referência à natureza do templo verdadeiro: “Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá. Pois o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós” (1ª Cor 3, 17). Paulo objectiviza ainda mais o que entende ser o verdadeiro templo, ao afirmar: “Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, porque o recebestes de Deus, e que vós já não vos pertenceis? (1ª Cor 6, 19).
Postas estas referências bíblicas, o que é que importa reter para a nossa vida como comunidade cristã? O verdadeiro templo é cada pessoa baptizada que se reúne à volta do altar, em cada domingo, para comungar Jesus, ser comunidade e se deixar evangelicamente “consumir” pelos outros. Este é o verdadeiro templo. E porque cada pessoa, pedra viva da comunidade, é o verdadeiro templo, é natural que os “templos” onde a comunidade se encontra sejam sinal do templo que é cada um dos baptizados. Isto é: quanto mais vivas forem as pessoas que habitam o templo, este mais vivo será também, não como fachada, mas como expressão interior, profunda. Isto é: o templo reflecte o modo de ser dos seus frequentadores. O que desejamos é que a nossa Casa de Deus, o templo onde habitualmente nos encontramos, seja digno, simples, arejado.
Este tem sido um dos maiores empenhos da nossa comunidade nos últimos anos. Mas assumindo sempre que a verdadeira casa de Jesus começa em cada um dos que nela habitam. Aliás, sem a presença de cada um de nós, a casa de Jesus ficaria vazia, e, estando vazia, reduzir-se-ia a um monumento de pedras sem vida. Se as pedras vivas do templo de Deus são cada um de nós, a vida que damos às pedras onde nos encontramos, só pode ser o reflexo daquilo que, pela graça de Deus, desejamos e procuramos ser.

P. Francisco Rodrigues, s.j.

Um Sonho Realizado


No início deste mês, no passado dia 7 de Março de 2009,o inesperado aconteceu. Após vários anos de luta, expectativas, desejos, o SONHO da comunidade de S. Pedro realizou-se. Finalmente vimos a ala sul da igreja renovada e melhor aproveitada.

Na primeira fase, realizou-se um estudo das potencialidades da área, depois o projecto de arquitectura com todos os pormenores, aproveitando cada canto. A abordagem positiva e optimista do sr. arquitecto José Tavares; o empenho da Fábrica da Igreja, e a opção preferencial pelo optimismo e confiança em toda a comunidade, da parte do pároco, padre Francisco Rodrigues, foram excelentes. Na segunda fase, não menos importante mas mais desgastante, as obras que se iniciaram em Setembro, e terminaram nos fins de Fevereiro. Por fim, a terceira fase, o fim da obra, a decoração, pôr tudo a brilhar; trabalho que chegou para todos, sem se descuidar um único pormenor.

As novas estruturas contam com uma sala grande de conferências, sala mortuária e cinco novas salas para actividades apostólicas. No fim de tudo isto, o que é que nos pode esperar? Uma festa…

No dia 7 realizou-se a festa de inauguração e bênção das novas instalações. A Eucaristia e a bênção foram presididas pelo Sr. Bispo, D. Manuel Felício e contaram com a presença de vários concelebrantes: o Padre Superior da comunidade, padre José Augusto de Sousa, o Pároco, padre Francisco Rodrigues; os padres Manuel Morujão, Rafael Mourão e Massimo Pampaloni.

A comunidade participou em cheio, inclusive os escuteiros do Agrupamento 20, que fizeram questão de participar na festa de um modo especial, fazendo também uma festa, a das Promessas. Foi uma eucaristia dos nossos sonhos: porque viva e participada.

Mas os sonhos ainda continuam… é necessário que a comunidade entenda que todos nós temos responsabilidades para que as mudanças se possam realizar. Não só desejar e admirar; mas entrar, fazer parte, comprometer.

As mudanças podem preparar o meu coração, o teu coração para coisas maiores e cada dia posso escolher e acrescentar algo de bom para que isso aconteça. Basta um gesto simples e bonito, que nunca é indiferente, desde que seja sempre feito com o coração. Com esse gesto transformo o mundo e deixo-me ser transformado. Mudo por dentro e faço mudar por fora.

Depois deste sonho realizado, desafio todos e cada um a fazer parte dele, porque as obras estão feitas, mas há muito mais por concretizar.
Maria Falcão



O Padre Massimo está entre nós!

Já sabíamos, pelo blog da comunidade paroquial, que o P. Massimo Pampaloni é um jesuíta italiano a trabalhar em Roma e no Brasil, em Belo Horizonte. Também sabemos que a sua missão de sacerdote é o ensino de Teologia, na Universidade. Mas está connosco, porque está a fazer a chamada Terceira Provação, última etapa da formação jesuíta, e esta prevê uma experiência pastoral onde faça algo que, com toda a probabilidade, não será o seu trabalho futuro.
Começou por concelebrar com outros sacerdotes nas Eucaristias, para, logo a seguir, presidir às celebrações, fazer serviço de confissões, tomar parte nos Encontros dos diversos grupos e conviver, muito simplesmente, connosco, sempre interessado em receber informações e sempre disponível para as dar.
Está, então, entre nós, o simpático, extrovertido e amigo P. Massimo.
Abordámo-lo com uma pergunta um pouco provocadora.

Sílvia Ferreira - P. Massimo, não gostaria de alterar a sua missão, abandonar a docência universitária e ficar numa paróquia onde há tanto e tão diversificado trabalho pastoral?
Com um sorriso, o P. Massimo respondeu:

Padre Massimo Pampaloni - Sabe, é preciso fazer o que mandam os superiores. Se cada um seguisse o seu gosto, seria muito complicado. Tenho colaborado com o responsável da capelania da Universidade Estatal de Roma, o meu público-alvo têm sido os jovens, na direcção espiritual. É um público-alvo específico onde se corre o risco de "estagnar" num determinado nível intelectual. Numa paróquia, o público-alvo é realmente muito diversificado: abrange crianças da catequese, adolescentes, jovens, adultos, idosos… É necessária uma adaptação constante, mudanças de registo na forma de conviver e de trabalhar. É uma experiência única, enriquecedora, tão forte que me tem mostrado o que é verdadeiramente ser padre: ser forte para encarar e ajudar a resolver problemas, estar sempre disponível, ter uma resistência de ferro, tantas outras coisas… fascinante. Mas a minha missão é o ensino de Teologia.

SF - Uma vez que não vai ficar entre nós para sempre, para onde vai quando nos deixar?

PMP - Irei um mês e meio de novo para a Irlanda fazer mais um estudo sobre os textos que estão na génese da Companhia de Jesus. A seguir, mais uma semana de Exercícios Espirituais. Em Maio, regresso a Roma. A Terceira Provação termina no dia 26 de Maio. Em Julho, regresso ao Brasil. O Padre Geral decidirá a data dos meus últimos votos. . . E serei então um Jesuíta completo.

SF- Um Jesuíta completo depois de vinte anos de vida religiosa e de ser padre há seis...
Uma última pergunta: - Vindo de Roma e de Belo Horizonte, não achou a Covilhã muito fria, em todos os sentidos?

PMP - Em primeiro lugar, vim da Irlanda, de Dublin, onde estive a fazer um ano de formação, um ''último ano de noviciado", e Dublin tem um clima mais rigoroso que a Covilhã. E depois, tenho tido tanto calor humano, a todos os níveis, que não acho que a Covilhã seja fria, bem pelo contrário: a paróquia "esquentou-me" o coração.
Despedimo-nos do Padre Massimo Pampaloni já com algumas saudades, as saudades de quando nos deixar, em Abril.
Felicidades, Padre Massimo!
Sílvia Ferreira


Nos dias 27, 28 e 29 de Janeiro de 2009 tivemos Maria, tão perto de nós…


Rezar a Maria, é rezar os momentos da nossa vida em que Ela está presente, é também rezar o vazio de nós e da vida de onde Ela está ausente.
Rezar a Maria, é rezar a nossa fé de irmãos e de filhos desta Mulher, simples e humilde, cujo coração palpita e se consome por nós.
Rezar a Maria, é manifestar a nossa necessidade de a sentirmos ao nosso lado e de nos sentirmos crentes e comprometidos com Deus. Deus a quem Maria disse sim porque amou, um sim em favor dos homens a quem Deus ama.
E foi assim, neste modo de rezar a nossa vida, de rezar Maria e de rezar a Maria, que a comunidade paroquial de S. Pedro acolheu, ao final da tarde de 27 de Janeiro, a imagem da Virgem peregrina que chegou até nós, com a sua mensagem de paz.
A rotina foi quebrada e a vinda da imagem ajudou a incentivar a esperança e a fé dos muitos fiéis que tão bem a souberam receber. Para muitos foi a oportunidade de a ver ali tão perto… e, para uns poucos, a bênção de a rever… há mais de cinquenta anos que a Covilhã não recebia a Sua visita!
Ao sair do carro que a transportava, recebeu uma magnífica chuva de pétalas de rosa. A igreja de S. Tiago estava vibrante de alegria aguardando a sua, tão ansiada, chegada. Ao som do coro, que entoava cânticos maravilhosos, sentimo-nos plenos de uma alegria esfuziante e, em todos os rostos, era visível o encantamento. Ao ser colocada junto do altar resplandecia, na Sua humildade majestosa, suave, doce e fraterna.
“Pedimos-te, oh Virgem tão pura, que ilumines cada vez mais a nossa vida”
Após o acolhimento, seguiram-se as orações de Vésperas, cantadas. Um pouco mais tarde, tivemos o privilégio de participar numa lindíssima e solene Eucaristia, celebrada pelo P. Francisco Rodrigues, sj.
Foi uma noite de festa, em que a Virgem de Fátima pôde contar com a companhia, não apenas de vários grupos de pessoas, pertencentes aos diferentes movimentos da nossa comunidade paroquial, mas também com a presença de muitas pessoas que não quiseram deixar de a acompanhar.
Durante o dia seguinte, foram celebradas as habituais eucaristias feriais, rezaram-se laudes, foram feitas recitações do rosário e também várias orações a Maria. Podemos dizer que a Virgem peregrina contou sempre com o apoio de todos aqueles que quiseram receber as Suas graças divinas mesmo “ali ao lado”!
Foi uma ‘directa com Deus’, com Jesus presente e Sua Mãe, lado a lado.
“Pedimos-te, oh Virgem tão pura, que ilumines cada vez mais a nossa vida”
Ao final do dia 28, Nossa Senhora Peregrina seguiu, debaixo de uma chuva miudinha e insistente, iluminada por uma procissão de velas, para a igreja de S. João de Malta, onde se rezaram as vésperas e recitaram algumas orações marianas.
O dia amanheceu um pouco cinzento, talvez partilhando a nossa tristeza por a partida estar próxima! Apesar de se sentir a saudade do adeus, mas muito gratos pela Sua presença entre nós, despedimo-nos com o coração transbordante de alegria com a celebração de uma Eucaristia presidida pelo P. Henrique Rios dos Santos, sj e concelebrada pelo P. Francisco Rodrigues, sj.
Foi um privilégio ver e ter, tão perto, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima. Foi uma honra recebê-la e ter a oportunidade de Lhe pedir a Sua bênção. Foi muito bom saber que, enquanto esteve na nossa comunidade paroquial, houve sempre alguém a acompanhar Maria, a Virgem cheia de Graça!
“Pedimos-te, oh Virgem tão pura, que ilumines cada vez mais a nossa vida”

Quero ser como tu, Maria
Procuro o sentido que quero dar à minha vida,
Mãe querida!
Quero ser como tu, Maria
Quero seguir contigo, sempre a meu lado
Alinhar a minha vontade com a tua, Mãe querida,
É esta a minha verdade!
Quero ser como tu, Maria
Quero saber dizer sim à vida,
Semear a paz, acolher o amor,
Viver em simplicidade como tu, Mãe querida
É este o meu desejo!
Quero ser como tu, Maria. Ámen.


Sandra Soares

QUARESMA

Durante o primeiro século, os cristãos celebravam só o domingo como Dia do Senhor. Em pleno século II, quiseram realçar a celebração pascal que passou então a ser considerada a primeira festa dos cristãos.
E como não deve haver festa sem programação, anos depois passaram a preparar a Festa da Páscoa com a prática de jejum.
Pelo século IV, já se preparava a festa da Páscoa com uma caminhada estruturada nos moldes como o fazemos hoje, mas então também com o chamado “catecumenato” de preparação para o Baptismo. Este só se realizava uma vez por ano, na Vigília Pascal. Por isso, ainda hoje, as leituras quaresmais, ao referirem, nomeadamente, a água e a luz, lembram a preparação para o Baptismo.
Também sempre se viveu a Quaresma como tempo especial para renúncia e penitência dos pecadores que, na Quinta-Feira Santa se reconciliavam com Deus e com a Igreja, durante a Missa celebrada pelo Bispo.
A Quaresma, como o seu nome indica, compreende quarenta dias. Trata-se de um número de dias simbólico, durante os quais se prepara um grande acontecimento, de valor primordial para os cristãos. São os quarenta dias durante os quais Jesus se retirou para o deserto, em jejum e oração, preparando-se para a Sua vida pública. Também o Antigo Testamento está cheio de referências a períodos de quarenta dias. São os quarenta dias do dilúvio, os quarenta dias de Moisés no monte Sinai, os quarenta dias de caminhada de Elias.
Durante a Quaresma, a Igreja incentiva os seus fiéis a viverem de um modo mais austero, como lembram os paramentos roxos e a ausência de flores nos altares. A Igreja recomenda maior insistência na oração, uma preparação pela penitência e pelo sacrifício para o grande momento da Ressurreição.
A Igreja recorda-nos que esse sentido de austeridade e penitência se deverá traduzir em jejum, não só de comida e bebida, mas devemos captar o sentido do jejum, e traduzi-lo na vida concreta. Por exemplo, abstermo-nos de tabaco, cafés, moda, perfumes, televisão e, sobretudo, em jejuar do pecado e do desamor ao próximo. Para quê? Para exercitar a liberdade e amor para com Jesus, e nos tornarmos mais generosos e solidários em Igreja e com os que mais necessitam. Neste sentido, somos estimulados a dar mais realce à Eucaristia, à oração em geral e à meditação da Palavra de Deus. Mentalizemo-nos que devemos, sobretudo neste período, praticar uma caridade mais intensa, à custa de poupança de gastos tantas vezes inúteis que nos levarão a partilhar mais abundantemente com os mais necessitados. Há tantos, hoje mais do que nunca, que não têm com que atender às suas necessidades básicas e às dos seus filhos! Cristo prometeu pagar-nos a cem por um e a aceitar-nos no reino dos céus.
Continuação de Uma santa Quaresma para todos.
António Neves da Gama


Visita Canónica do Sr. Bispo, D. Manuel Felício
Comunidade Paroquial de S. Pedro


O nosso Bispo, D. Manuel Felício, vai fazer a visita canónica à nossa comunidade paroquial nos dias 27 e 31 de Março e 1 e 5 de Abril. O programa está afixado nos placards junto à porta da nossa Igreja. Publicamos o programa mais detalhado sublinhando dois momentos especiais e dirigido aos Movimentos e a todas as pessoas que quiserem participar:
Dias 27 e 31 de Março, 1 e 5 de Abril de 2009

Dia 27 de Março
17:30 – Encontro com os Srs. presidentes de junta de freguesia (Conceição, S. Pedro, Santa Maria e S. Martinho) e os párocos respectivos

Dia 31 de Março
10:00 - Reunião com o pároco, Superior da comunidade e comunidade jesuíta
Contacto com as estruturas e funcionamento da comunidade paroquial
11:00 – Celebração da Eucaristia em S. Tiago
12:30 – Almoço na comunidade jesuíta
15:30 - Visita à Casa do Menino Jesus
17:00 – Programa autónomo na Santa Casa da Misericórdia.
18:30 – Visita ao Conservatório-Orfeão
20:00 - Jantar – comunidade jesuíta – S. Tiago
21:30 – Sacramento da Reconciliação - Igreja de S. Tiago

Dia 1 de Abril
11:00 - Visita ao Colégio das Irmãs Doroteias
12:30 - Almoço na comunidade Jesuíta – S. Tiago
15:30 – Contacto com a comunidade paroquial, estruturas, organização, funcionamento
- Disponibilidade para encontros pessoais com responsáveis dos Movimentos ligados
à comunidade paroquial
18:00 – Reunião com Fábrica da Igreja
19:00 – Eucaristia com todos os Movimentos ligados à comunidade paroquial
- Jantar partilhado e convívio nas instalações da comunidade paroquial

Domingo, dia 5 de Abril
18:00 – Eucaristia de encerramento da visita canónica

Francisco Rodrigues, s.j.
Covilhã, 16 de Março de 2009




Concerto com o Padre José Luís Borga.




No dia 16 de Maio, pelas 16:00, a nossa comunidade vai estar, mais uma vez, em festa. Está a ser organizado no Teatro-Cine, um concerto com o Padre José Luís Borga. Este concerto é mais uma iniciativa da nossa Comunidade Paroquial no sentido de obter receitas para ajudar ao pagamento dos compromissos assumidos com as obras de remodelação do antigo salão paroquial.
Conhecendo o talento do artista, Padre José Luís Borga, naturalmente que iremos viver uma animada tarde de sábado.
O preço de entrada é de 12,00 €. No entanto as pessoas que adquirirem antecipadamente o seu bilhete terão um desconto de 2,00 €, ou seja, pagarão 10,00 €. Os bilhetes já se encontram à venda na secretaria da nossa comunidade paroquial.
José António Fazenda

OBRIGADA P. AMADEU PINTO

Na quarta-feira, dia 18 de Março, faleceu em Lisboa, o Padre Amadeu Pinto, sj. O Padre Amadeu, presentemente, era o director do colégio de S. João de Brito. Sempre nutriu grande carinho pela Covilhã, onde tinha e tem, muitos amigos. Viveu na Covilhã 2 anos, na ‘capelinha’ como magisteriante (estágio que os estudantes jesuítas costumam fazer entre os estudos de filosofia e teologia). Todos os anos, o Padre Amadeu costumava participar na Ceia de Natal da nossa comunidade paroquial.
Padre Amadeu: sentimos o afecto que tinha por todos nós. Obrigado pela sua carta, em Dezembro último. O amor grita e irradia eternidade. Quem ama não morre. Fale de nós a Deus, nós recordamo-lo na nossa oração.

Comunidade Paroquial de S. Pedro